I. A pergunta que não se cala
Há
perguntas que atravessam séculos, civilizações e consciências. “Qual o
propósito da vida?” não é apenas uma interrogação; é uma inquietação. Surge no
silêncio da madrugada, no luto inesperado, na contemplação de um pôr-do-sol ou
na banalidade de um dia comum. Não se trata de uma curiosidade intelectual, mas
de uma urgência existencial. Saber por que estamos aqui é, talvez, o mais
humano dos desejos.
E, no
entanto, não há resposta definitiva. Há tentativas, narrativas, doutrinas,
metáforas. Há religiões que prometem sentido, filosofias que o constroem,
ciências que o evitam. Mas nenhuma delas consegue apagar o vazio que a pergunta
deixa. O propósito da vida não é uma fórmula mas sim uma travessia.
II. A
ilusão da resposta única
Durante
séculos, a humanidade buscou respostas universais. As religiões monoteístas
ofereceram um sentido transcendente como viver para Deus, cumprir mandamentos,
alcançar a salvação. As filosofias clássicas propuseram a virtude, a razão e a
harmonia. O Iluminismo trouxe o progresso, a ciência e a emancipação. O século
XX, com as suas guerras e revoluções, desfez muitas dessas certezas.
Hoje,
vivemos num tempo de pluralidade radical. O propósito da vida já não é dado mas é escolhido, construído e reinventado.
Cada indivíduo é chamado a escrever o seu próprio roteiro, a desenhar o seu
próprio mapa. Mas essa liberdade, embora libertadora, é também vertiginosa.
Quando tudo é possível, nada é garantido.