Tuesday, 28 October 2025

O Caso Face Oculta: Corrupção, Influência e Responsabilidade no Estado Democrático

 



Introdução

O Caso Face Oculta representa um dos mais emblemáticos processos judiciais da história contemporânea portuguesa, revelando uma teia complexa de corrupção, tráfico de influência e promiscuidade entre interesses privados e estruturas públicas. Centrado na figura do empresário Manuel Godinho, o processo expôs vulnerabilidades sistémicas na gestão de empresas públicas, na fiscalização administrativa e na ética política. Este texto propõe uma análise aprofundada do caso, desde o seu enquadramento factual e jurídico até às implicações sociais, políticas e institucionais que dele decorreram.

1. Enquadramento Geral do Caso

O processo Face Oculta teve início com investigações da Polícia Judiciária e do Ministério Público entre 2008 e 2009, culminando numa acusação formal em 2010. O julgamento decorreu no Tribunal de Aveiro, com mais de 180 sessões e dezenas de arguidos, incluindo figuras públicas, gestores de empresas estatais e empresários. A sentença foi proferida em 2014, com condenações efectivas para vários envolvidos, entre os quais Manuel Godinho, considerado o epicentro da rede criminosa.

Segundo os autos, Godinho liderava um grupo empresarial ligado ao sector das sucatas e resíduos industriais, com sede na região de Aveiro. Através de práticas sistemáticas de corrupção activa e tráfico de influência, procurava garantir contratos vantajosos com empresas públicas como a REN, EDP, CP e outras entidades do sector energético e logístico. O esquema envolvia pagamentos ilícitos, ofertas, favores e manipulação de decisões administrativas, com o objectivo de favorecer os interesses comerciais do grupo.

Sunday, 26 October 2025

O Fim da Ansiedade: Uma Travessia Sem Retorno



I. O inimigo invisível

A ansiedade não grita, sussurra. Não chega com aviso, infiltra-se. Está no nó da garganta, na insónia que não se explica e na respiração curta diante do nada. É um ruído de fundo que distorce o mundo, que transforma o possível em ameaça e que sabota a paz antes mesmo que ela se instale. Acabar com a ansiedade não é calá-la; é compreendê-la. Não é vencê-la com força; é dissolvê-la com lucidez. Porque a ansiedade não é defeito; é sinal. E todo o sinal merece escuta, não punição.

II. A mentira do controlo

A ansiedade nasce da ilusão de controlo. Da tentativa desesperada de prever o imprevisível, de garantir o incerto, de dominar o que nunca foi nosso. O futuro, por definição, escapa. E quanto mais se tenta agarrá-lo, mais fere. O primeiro passo para acabar com a ansiedade é abdicar da obsessão pelo controlo. É aceitar que viver é arriscar, que amar é expor-se e que existir é não saber. A paz não está em controlar tudo mas em confiar no que não se controla.

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